Contardo un ami extra-ordinaire / Contardo , amigo extra-ordinário
2021

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LAZNIK Marie-Christine
Hommages

Contardo un ami extra-ordinaire

C’était le milieu des années 80, Melman nous avait proposé de ternir ensemble un séminaire à la Maison de l’Amérique Latine. Je venais du Brésil, et j’y avais beaucoup d’amis dans le milieu lacanien du Nordeste. Contardo revenait d’Amérique du Sud où il avait été donner des conférences et il avait été enchanté. Il me voit, devant ma machine à écrire, commencer à taper le Projet que nous devions soumettre. Il déclare que ce n’est plus possible de travailler comme cela. Il est déjà sur  ordinateur et nous devons aussi nous équiper. Il connait les tuyaux pour racheter à des labos les ordis qu’ils veulent renouveler. Nous voilà, bien avant les autres emportés dans la vague du progrès.

Sa passion pour le Brésil se confirme si bien que l’année suivante je dois assumer seule le Séminaire de la Maison de l’Amérique Latine car il s’y installe. Il y créera l’APPOA , avec Alfredo Jerusalinsky.  Nous sommes en 1990. Séjourner chez Contardo et Eliana sa femme, à Porto Alègre n’est pas que l’occasion de donner des Conférences dans leurs superbe Institution, nous voilà encore happés par la modernité. Ils viennent de rentrer des USA où vivent les fils de sa femme et il en a rapporté le premier fax que je vois de ma vie. Nous parlons d’un article qui vient de sortir. Pas de problème : il appelle un ami qui nous l’envoie immédiatement. En temps réel, comme par magie, l’article s’imprime sous mes yeux ébahis. Ce n’est que dans les années suivantes que des particuliers se sont mis à échanger des mails et les textes n’y ont pu circuler que bien plus tard encore.

Cinq ans plus tard, Contardo et Eliana habitent New York. Nous visitons la ville en regardant les gratte-ciels de sa voiture décapotable. En 1999, ils habitent Boston. Contardo innove encore. Un premier cancer n’aura pas d’impact sur lui car il suit un régime expérimental avec un médecin-chercheur américain qui les soigne en évitant toutes les graisses animales. Et cela marche ! Non seulement sur Contardo mais aussi sur un vieux cousin à moi qu’il reçoit gentiment et qui va vers ses 90 ans grâce à ce régime. Ce traitement n’est toujours pas arrivé en France. Mais Contardo le connaissait déjà. Nous allons à Harvard, je veux voir la libraire. Contardo m’explique que ce n’est plus dans les librairies que l’on découvre tout ce qui vient de sortir mais sur la toile. Je le regarde ahurie. J’avoue qu’aujourd’hui, bien des années après, je fais la même chose.

Nous nous sommes revus à Sao Paulo plusieurs fois. Il était devenu célèbre non seulement comme psychanalystes des psychanalystes mais aussi grâce à sa chronique hebdomadaire dans le journal A Folha de Sao Paulo. Tous mes amis la lisaient et pas seulement les psychanalystes de tous bords. Dans les milieux où l’on pense, le jeudi était le jour où l’on se précipitait sur ce gros journal pour y lire, en premier, sa chronique qui donnait le la de l’air du temps.

Dans nos conversations, c’était la passion pour les séries télévisées qui le mobilisait alors. Il avait écrit plusieurs saisons d’une série sur la Psy avec son fils Max. Ils ont même eu un prix aux USA. Il était très fier du partenariat avec son fils. Là encore, c’était des années avant que nous ayons en France la série « en thérapie ». J’en ai vu quelques épisodes chez un ami psychanalystes à Buenos Ayres, ce dernier n’en loupait pas un.

Je l’ai perdu de vue ces toutes dernières années mais je sais qu’il a beaucoup souffert et Max, son fils, m’a dit que si nous publions un hommage, il voudrait que la phrase suivante, qu’il a écrit pour son père lors de sa première hospitalisation y soit présente. « La plupart des citations sur le courage saluent sans réserve la volonté inébranlable de survivre à tout prix comme l’attribut le plus noble de la nature humaine ; négligeant ou oubliant souvent le coût indéniable d’une telle trivialité – il aurait été sans doute d’accord avec moi et est parti à ses conditions ». Je fini sur ta phrase Max Calligaris.

Marie-Christine Laznik


Contardo , amigo extra-ordinário

Em meados dos anos 80, Charles Melman propôs que organizássemos juntos um seminário na Maison de l’Amerique Latine. Eu vinha do Brasil, e tinha muitos amigos do meio lacaniano no Nordeste. O Contardo, por sua vez, estava voltando da América do Sul, onde acabara de dar um ciclo de conferências que o deixra encantado. Ele chega e me vê sentada na frente da minha máquina de escrever, prestes a bater à mão todo o nosso projeto de seminário. Mas não da,  não é mais assim que se trabalha, me diz ele; Ele já usava um computador, e pronto, nos também tínhamos que entrar nessa onda. Mas como? Não seja por isso, ele conhecia circuitos para comprar comutadores que as empresas queriam deixar para reciclagem. E assim foi, entramos na vanguarda do progresso, com ele, antes de todos.

A paixão dele pelo Brasil era tal que, já no ano seguinte, eu tive que assumir sozinha o Seminário da Maison de l’Amerique Latina, porque ele, ah, ele já estava instalado lá na terrinha. Foi então que ele criou a APPOA, com o Alfredo Jerusalinsky. Isso era em 199O. La fomos nos passar um tempo na casa do Contardo e da sua esposa Eliana, claro, para dar conferências naquela nova e super instituição, mas não é que eis nos de novo surfando na onda da modernidade. Contardo e Eliana acabavam de voltar dos Estados Unidos, onde moravam os filhos da sua mulher. Voltaram carregando um fax. Era o primeiro que eu via! Estávamos falando de um artigo que acabara de sair, e não deu outra: um telefonema depois, o tal artigo saia magicamente da boca do fax, em tempo real, sob meus olhos admirados! Só anos mais tarde é que pessoas normais como nos iam começar a usar o fax de maneira corriqueira, e trocarem textos, bem depois do Contardo nos apresentar isso.

Cinco anos se passam. Contardo e Eliana moram em Nova Iorque. Visitamos a cidade, admirando os arranha-céus passando em cima do carro de teto aberto. Em 1999, eles moram em Boston. Contardo inventa mais uma de vanguarda : frente a um primeiro câncer, ele descola se informando com u médico pesquisador, um super regime experimental terapêutico, que funciona na base de de evitar qualquer gordura animal. E não é que funciona? Funciona com ele, funciona também com um primo meu francês, já idos, que se salva pegando o embalo desse tal regime no ponto da pesquisa. Esse tratamento não tinha chegado na França. Mas o Contardo tinha chegado nele!

Fomos a Harvard, visitar a livraria. Pois é, mas não é mais nas livrarias que agora se descobre tudo o que se publica de novo, é na rede, me diz ele. Eu olho pra ele com olhos esbugalhados. Pois é, e hoje, confesso que, tanto tempo depois, eu mesma só funciono assim, catando a novidade da pesquisa nas redes; atrás dele.

Tornamos a nos ver em São Paulo, várias vezes. Ele ficara famoso não só como psicanalista dos psicanalistas, mas também graças à sua crônica na Folha. Todo mundo lia, muito além dos círculos de psicanalistas, e de todas as correntes de psicanalistas. Era o texto da quinta, a gente lia para pegar o que ele antenava e sacava do ar do tempo.

Nas nossas conversas, a paixão dele pelos seriados era um leitmotiv. Ele escreveu muitos episódios de um seriado sobre terapia analítica, com seu filho Max. Isso, de novo, anos antes da série equivalente francesa ser inventada. E que está sendo uma sucessão. Um amigo meu, psicanalista em Buenos Aires, adorava esse seriado brasileiro do Contardo, ele não perdia nenhum.

Eu não o vira há vários anos, sei que ele sofreu bastante. Max, o filho dele, me disse, se vocês publicarem uma homenagem, por favor coloque uma coisa que conversei com meu pai, quando da sua primeira hospitalização. “A maioria das citações sobre a coragem humana sempre homenageia sem reservas a vontade de sobreviver a todo preço, como se fosse o atributo mais nobre da condição humana – esquecendo assim, ou menosprezando, o custo evidente de tal posição. Ele estaria provavelmente de acordo com isso, e quanto a ele, meu pai, ele partiu seguindo suas próprias condições.

Max, eu termino esse texto com tuas palavras, então.